R evolução ?
- Cesar Duarte
- 31 de mar. de 2021
- 1 min de leitura
Atualizado: 1 de abr. de 2021
Há cerca de 30 anos quando fiz essa foto, cada vez que apertava o disparador, um tilintar de moedas vibrava dentro do meu inconsciente. Cada click equivalia a valores relacionados à compra de filmes, revelações e cópias fotográficas. Ou seja, não bastava apenas visualizar, idealizar e clicar. Era necessário também contabilizar. Muitas imagens nunca foram realizadas considerando esse último aspecto da análise crítica do fotógrafo. Lembro muito bem, cerca de 15 anos, 1 click da minha Pentax 6x7 custava a bagatela de R$7,00, considerando a inflação, hoje algo em torno de R$15,00 por cada chapa de cromo doperada e revelada. Quando a produção era em chapa 4x5" esse número saltava para R$30,00 em valores atuais. Ou seja, não se largava o dedo à toa no disparador da máquina fotográfica. Era necessário todo um apuro estético, criteriosamente relacionado aos recursos existentes: máquinas, lentes, filmes, etc. Produzir uma imagem era como investimento. Uma possibilidade de garantir um espaço no futuro para um pedaço de presente, de momento, de história. Quando Sebastião Salgado decretou o fim da fotografia, entendi sobre o que ele estava falando mesmo sem concordar com tão severa sentença. De fato, hoje a profusão epidêmica de imagens oneram nossa capacidade de entender o alcance da linguagem fotográfica em todo seu potencial. Mas ela ainda não morreu, ela é uma linguagem viva, afiada e muito reveladora do comportamento humano.

Comments